Um dia, um encontro
cheio de luzes, cores,
sem flores
ou dores . . .
A porta de um mundo
risonho, abusado,
quase ousado,
chapado . . .
até ser amado . . .
Uma lança afiada
a penetrar o nada
da vida andada,
estranhada,
pintada . . .
(em tela clara?
Sei lá! Que droga é o nada!)
Roeu de graça,
e quis ser graça
e fazer graça
(meio sem graça . . .),
feito traça,
comendo a massa,
lavando a praça . . .
- Que desgraça!
Mas, a prosa
e o tato:
fino trato!
E é fato:
estupefato
eu fiquei no ato!
Porém, às vezes, perco a calma.
Apesar de alma,
sou peito, palma,
ira que espalma . . .
É isso! Calma!
Mas, poetar e cantar,
“caetanear” . . .
isso lembra mar,
paisagem, pomar . . .
lembra vida a se cantar . . .
E me vestiram de cantor,
deram-me rimas, flor,
e, na surdina . . . amor!
Muito amor!
Quase não resisto: dor
virou cor,
e rotina, sabor.
Manhã ou tarde de qualquer dia
a beirar calmaria,
voavam em folia,
como a matar arrelias
e inventar ventanias
qual aroma que recria
ou frescor que sacia.
Quanto mundo foi criado
em discursos exaltados
ou até em papo furado,
não importa.
Deu, do mundo, o recado
nosso sonho partilhado.
Valeu! Tá falado!
Hoje, o sol virou saudade
(e eu que falo em liberdade,
não escapo dessas grades
do destino . . . oh! crueldade
que é viver, pois amor que vem, invade,
abocanha sem piedade
e se vai só de ruindade).
Acabou-se esse momento,
o nosso momento.
Meu sopro, pensamento,
ânimo, acalento,
fica, agora, de momento,
esperando no lamento . . .
Minha turma bagunçada,
vai morar em cada estrada,
vai ficar, mesmo, guardada
em canto da morada
do meu sonho, na jornada . . .
Sem mais, valeu moçada!!
João