sábado, 30 de janeiro de 2016

Noite inevitável

Noite que chega
leve...
Fagulhas de sol
ainda brincam
pelos ares
e nos gestos e falas
de quem quer mais,
dos que se atiram
de cabeça, 
gladiadores,
ou arautos obreiros,
na vida,
no mundo que existe,
voadores, crentes,
mas, no fundo,
guerreiros da pele
e da terra.

Noite dos que amam...
Dos que se encontram
e se jogam
na poesia dos corpos,
no veludo das carícias,
e se amam,
e amam...
Ou dos que sonham
despertos
com o ser distante
ou ausente...
Dos que vivem
porque um sol eterno
parece se mostrar
e se prometer...
Um dia...

Noite que é  de todos...
Negro cenário
onde a sorte se avizinha
e se promete...
Onde o sangue flui forte,
e a dor parece fraca,
ainda que abandonada
e carente
dos raios dourados,
amigos,
que o dia carregou.

Noite que me acolhe
e me toma
qual cigarra esfalfada
e tibia.
Abrigo que se assanha
ou cala,
que me deita
ou faz voar...
Noite inevitável,
que a luz do dia disfarçou,
negou...
Mas, que chegou e me tem
como ave alquebrada
ou vento que não vê aonde ir...
Um silêncio frio
ou terna seresta...
Até que o dia chegue...

Hino à saudade

Quanto te esperar!
Dias, horas . . . Ventos
desconexos . . . mar
de sonhos . . . Lamentos . . .

Tudo é vida à espera
de sol benfazejo,
luz de primavera  . . .
Sofro este desejo

alçado à razão
sóbria.  Destroçando
certezas . . . Meu não
aos solfejos brandos

que a tudo ornamentam
e tornam serenos.
Canções não se aguentam  . . .
E os versos: pequenos . . .

Hinos à saudade,
velha opressora,
dor que hoje me invade
madrugada afora . . .

Vivo de tua imagem
com ar de promessa.
Despontas,  miragem . . .
Te espero . . . Tens pressa . . .

Vem! Tragas-me a lua . . .
astro cintilante . . .
Esta vida é tua.
Sou teu servo . . . e amante . . .