Desaba a vida
na noite.
Frio e canções
embebidos
de solidão.
Uma nota
me atira ao tempo
que vivi ...
Uma cerveja,
uma luz distante,
e a noite a revirar
meu mundo:
onde andará
o calor desenhado
há décadas?
sexta-feira, 25 de maio de 2018
domingo, 13 de maio de 2018
DIA DAS MÃES
Oi, mãe!
Hoje eu não posso
te dar um presente,
um beijo,
nem um telefonema.
Não posso te dizer
que te adoro.
Nem vou te sentir,
me colar a ti.
Não vou ver o sol
a desenhar o mundo
lindo!
Hoje, tu estarás aqui,
sem me olhar,
me criticar,
nem me dizer que sou
lindo, estranho ...
único.
Que estranho, mãe!
Um domingo deste,
sem teu prato pronto
pra mim!
Só silêncio, mãe!
Cadê tua graça,
teu espanto, teu riso
esperto, complacente?
Cadê tua certeza,
tua crítica letal
a tudo que é falso,
tua ira a este mundo?
Por que, mãe?
Por que te foste?
Eu sei: teu direito.
Sei! Tu nos deste
a liberdade de escolher.
Mas, ir embora?
Assim?
Hoje, não vejo o sol,
nem vejo alguém
a me abrir o portão.
Hoje, só o silêncio
da rua, das panelas,
da TV.
Hoje, nada mais resta
a não ser uma luz
que insiste em entrar
pela fresta da cortina.
Um sinal de vida acesa,
a continuar ... viver ...
Mas, que vida será essa?
Que vida é essa
sem tua vida?
João
Hoje eu não posso
te dar um presente,
um beijo,
nem um telefonema.
Não posso te dizer
que te adoro.
Nem vou te sentir,
me colar a ti.
Não vou ver o sol
a desenhar o mundo
lindo!
Hoje, tu estarás aqui,
sem me olhar,
me criticar,
nem me dizer que sou
lindo, estranho ...
único.
Que estranho, mãe!
Um domingo deste,
sem teu prato pronto
pra mim!
Só silêncio, mãe!
Cadê tua graça,
teu espanto, teu riso
esperto, complacente?
Cadê tua certeza,
tua crítica letal
a tudo que é falso,
tua ira a este mundo?
Por que, mãe?
Por que te foste?
Eu sei: teu direito.
Sei! Tu nos deste
a liberdade de escolher.
Mas, ir embora?
Assim?
Hoje, não vejo o sol,
nem vejo alguém
a me abrir o portão.
Hoje, só o silêncio
da rua, das panelas,
da TV.
Hoje, nada mais resta
a não ser uma luz
que insiste em entrar
pela fresta da cortina.
Um sinal de vida acesa,
a continuar ... viver ...
Mas, que vida será essa?
Que vida é essa
sem tua vida?
João
segunda-feira, 7 de maio de 2018
BARZINHO
A noite caiu cálida,
sem alucinados sons
nem ofuscantes signos:
só conversa jogada,
olhares discretos,
vida que se espalha
e se ajeita no tempo.
A moça bonita tenta
falar mais que os olhos,
sorrir, alçar qualquer voo ...
Esconde alguma coisa,
coloca atrás dos dentes,
e tenta voltar pra noite.
O velho solitário
trava um diálogo com o garçom.
A esposa quieta só observa
a noite a se desvelar;
às vezes fita o esposo
e tenta escutar o que lhe diz.
Pobre do cronista,
com tantos encontros,
se vê só, ele e a noite ...
Quem sabe um raio novo,
um sibilar intruso, um grito ...
No mais, um flerte com a noite...
e um gole ... outro ...
sem alucinados sons
nem ofuscantes signos:
só conversa jogada,
olhares discretos,
vida que se espalha
e se ajeita no tempo.
A moça bonita tenta
falar mais que os olhos,
sorrir, alçar qualquer voo ...
Esconde alguma coisa,
coloca atrás dos dentes,
e tenta voltar pra noite.
O velho solitário
trava um diálogo com o garçom.
A esposa quieta só observa
a noite a se desvelar;
às vezes fita o esposo
e tenta escutar o que lhe diz.
Pobre do cronista,
com tantos encontros,
se vê só, ele e a noite ...
Quem sabe um raio novo,
um sibilar intruso, um grito ...
No mais, um flerte com a noite...
e um gole ... outro ...