sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

O POETA E A FESTA


O poeta e a festa


A noite caiu cálida,
sem alucinados sons
nem ofuscantes signos:
só conversa jogada,
olhares discretos,
vida que se espalha
e se ajeita no tempo.

A moça bonita tenta
falar mais que os olhos,
sorrir, alçar qualquer voo ...
Esconde alguma coisa,
coloca atrás dos dentes,
e tenta voltar pra noite.

O velho solitário
trava um diálogo com o garçom.
A esposa quieta só observa
a noite a se desvelar;
às vezes fita o esposo
e tenta escutar o que lhe diz.

Pobre do cronista,
com tantos encontros,
se vê só, ele e a noite ...
Quem sabe um raio novo,
um sibilar intruso, um grito ...
No mais, um flerte com a noite...
e um gole ... outro ...


quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

LUNÁTICOS CANTANTES


Quando a vida navega
por paisagens áridas
e escuras,
andarilhos resignados,
frágeis guerreiros,
lunáticos cantantes
somos todos aqueles
que ousamos andar com ela.
Somos arautos do absurdo,
religiosos do trágico.
Somos personagens sensatos
(únicos, iluminados):
aqueles que seguem
a única viagem possível.

TEU ODISSEU



Teus olhos,
como a noite escura,
me fazem perder o rumo.

Tua boca,
qual canto de sereia
me atira ao mais longínquo
paraíso de perfumes e melodias.