S ofrem tuas luzes e sombras
A dor de um rincão esquecido,
L ar de almas dementes e tristes.
G uardião de nossas esperanças,
A ndavas a buscar no dia a flor
D ada de graça, roubada na morte.
O sol, teu parceiro, te espera ...
S ofrem tuas luzes e sombras
A dor de um rincão esquecido,
L ar de almas dementes e tristes.
G uardião de nossas esperanças,
A ndavas a buscar no dia a flor
D ada de graça, roubada na morte.
O sol, teu parceiro, te espera ...
Somos o que não se sabe
Corpos atirados ao tempo, nus
sem um destino, uma importância
nem mesmo um nome
As falas e os escritos nos batem
e nos criam histórias retas
regulares e ditas naturais
Pobres sonhos alucinados
as ruas sem nomes nos saúdam
os vendavais nos resgatam
de verdades customizadas
Somos apócrifos? Andarilhos?
As velas acesas, estátuas, hinos
abarrotam nosso querer de ilusões
Rolamos pedras, sem perceber
a chama, o ar puro ... E andamos ...
M úsica na tarde que tempera a vida,
U nindo força titânica e verso leve!
J á não somos luzes, nosso tempo
I menso se desfaz. A vida desfolha,
C ada instante é um sopro débil.
A h! Perdemos teu sol, teu coração ...
Por que andei tanto,
pobre do sentido de tanto caminho,
com as ideias a tiracolo e sol na cabeça,
valente das loucuras, refém do tempo?
Meu sóbrio murmúrio atirado
qual hino ou espada, um aceno
às verves e aos desejos de vida, tolo?
Ou só dor que não se assume?
Havia destino, ou só acenos
da história vivida ao revés, dos sonhos
aparvalhados ou proféticos ... arroubos
insolentes e heroicos? Um filme me passa.
Onde ancorar o galeão imponente
do sangue quente, da poesia latente
ou atirada? O arauto se deita? Adormece?
Ou a vida, simplesmente, tropeça e volta?
As passadas, as regatas, o fôlego
são telas em branco, pobres esperas.
O mundo roda, a fala entorta, música nova
vem acordar. Nunca a vida desiste ... é louca.
M inha tarde entristece; o vento canta
O s sons da vida incerta, indizível ...
Z oam implacáveis ao pobre andarilho.
A nda, então, o tempo, e as notas agora
R odam em ritmo outro: atentas, ágeis,
T ingem a dor, fazendo alento, luz.