quinta-feira, 4 de abril de 2019
NUMA FENDA DO TEMPO
Sons e luzes silentes
pelos caminhos,
canções embotadas
pela vida,
letras mortas
a dizer da estrada só dor,
do sol pueris versos,
da casa arrumada saudade.
A rosa floriu, sim,
dançou,
me escreveu poemas,
voou ... Mais que o céu,
tingiu meus dias,
me tomou, seduziu,
me fez amante,
me levou.
Porém, no alvoroço da festa,
tropecei numa fenda do tempo,
num espaço esquecido
da minha andança,
e a atropelei ...
e esmaguei.
As canções que compusera,
pobres, se calaram.
O vinho azedou,
a roda estancou...
O perfume que ficou
aos poucos se espalhou
e se perdeu.
E aquele riso abusado,
repentino,
vício novo regalado,
de tão largo, ousado,
se fez miúdo,
acanhado.
Encolheu-se pro mundo,
se apagou feito a noite
e se fechou.
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