sexta-feira, 11 de setembro de 2020

ASSALTO

 

As falas das horas,
dos rabiscos da neblina
na janela,
me indagam e me chamam.
Assim, dores, tropeços,
sustos, aconchegos ...
amores, ilusões ...
sonhos apostados, vidas ...
risos gratuitos, lágrimas
ocasionais ou ensaiadas ...
caminhos abertos ou desfeitos...

Tudo me assalta,
turbilhões ou canto de sereia,
socos ou afagos melindrados,
pura angústia "que não tem onde encostar",
me joga e me recolhe,
até onde a vida alcança,
ou meu passo ...

E vivo a dor de viver
sem me saber
e sem saber.
A angústia nefasta
do que pode matar,
ou rica do que pode alçar.

Vivo a flor que se promete,
o riso que se ensaia ...
ou simplesmente me arrojo
a um tempo obscuro.
E os ponteiros continuam
sua jornada fria e cruel ...
a neblina se desfaz aos poucos...
E ando sóbrio
numa direção qualquer...


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