Encostas-te devagar em meu ombro
feito pedra quieta ao soprar do vento,
a ignorar toda chuva e os escombros.
Tens as mãos macias e o olhar atento
e tua voz pouca quase não percebo.
Voa o tempo, mas teu ritmo é lento.
Não te pões apressada nem tens medo.
Apenas te envolves na cena calma
a dourar a noite e ser acalento,
o afago e um alívio para minh’alma.
Nem percebo meu sonho acontecendo.
Minha vida cabe nesse aconchego
e meus olhos voam mais que meu tempo,
pois tua doçura e teu riso me espalmas
em carícia tão leve que recebo
com doce sabor de mundo nascendo.
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