sexta-feira, 22 de maio de 2015
Caminhos
A noite é morna,
calada,
vazia de gestos,
moça esquecida,
órfã.
Não me encontro em seu silêncio
nem me dou a seu aceno
soturno,
a sua canção
que se quer sedutora
de ninfa traiçoeira,
quase sóbria,
quase esbelta,
mas triste.
Não me engano,
nem me iludo . . .
nem busco fôlego em seu sopro . . .
Não! Não caio
nem me atiro, nem nada!
Vivo à parte desse sonho
apático
de barco que navega
para o nada,
sem norte, abismo
ou céu.
Vivo a vida que me cabe
sem reservas
nem visões. Apenas volto - me
ao passo rápido
da velha busca
do amor distante,
da festa escaldante,
do raio alegre que acorda
e faz barulho.
Não me agarro
aos braços flácidos
da noite arcada . . .
Não me carrega
a triste dama.
Nunca!
Vivo para o sol que sinto
surgir no fim da cena.
Corro no rumo
que me afaga a passada
e me sopra, eu bem sei,
ainda que esgotado
e roto,
para os únicos braços
que quero
e espero.
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