Pobres, as luzes da casa,
jogadas em incertezas,
são melancólicas brasas
tão tímidas, indefesas
quanto lamento escondido,
canção que não faz sentido,
ou pedra, que de tão leve,
se perde na brisa breve
e morre sem um ruído.
Tristes, as luzes da casa,
enganam, em quadro frio,
como lutos que extravasam
ou penitentes no cio
a gritar, feito dementes,
hinos, acordes pungentes
como dores que se exalta
ou festejo que se assalta
com lamento impertinente.
Torpes sois, luzes da casa,
estouvadas, malfeitoras,
vendaval que tudo arrasa,
velha culpa acusadora.
Seu porte fraco e rotundo,
há de sumir infecundo.
Feito serpente ofegante
há de perecer distante,
num vão estreito do mundo.
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