terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

A embaladora de presentes


Olhos pregados
no pacote,  na caixa. 
A vida cabe naquele objeto
e naquele instante. 
De repente,  as dobras
no papel
repetem caminhos
e voltas da vida:
retas curtas, largos arranjos, franjas combinadas, salientes
ou casuais. 
Laços precisos, 
amarras dos tempos, 
idas e vindas no que nunca foi de fato.
Lábios apertados
medem e avaliam
a curta obra perdida na tarde,
um quadro a nascer,
entre triste ou jogado, 
vida que busca sentido 
ou qualquer razão. 
Mira sua obra, 
doce, 
qual mãe vaidosa, 
ou menestrel falastrão.
Dança leve, aba fina,
sorri de repente...
orgulhosa,  desdenhosa? 
Quem pode saber
o que vai ali ?
Fecha seu solo breve,
sem pretensão de apupos
ou prêmios. 
Desfila, leve,  na bancada, 
sem ver meus olhos
e meus pobres sonhos
a criar um outro mundo
onde o presente vira joia
e seus gestos se apossam
de nossa tarde 
e de mim. 

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