Se as ruas desenham nossos dias,
é porque esperamos...
ermos nas hordas,
empobrecidos,
ávidos de caminhos . . .
qualquer rumo que se almeje
sóbrio, seguro,
sereno.
Buscamos, em cada esquina,
o sumo alento,
fluido redentor das mortes
tantas,
da vida pequena,
dos descaminhos, da solidão.
São matreiras,
sedutoras esbeltas,
vivazes chamarizes.
E permitimos que nos
moldem os corpos
e nos toldem as falas,
E nos calcam, em solo alagado,
nosso passo débil
até que a estrada se ilumine
e nos regalem os louros
do gozo e da verdade.
E nos fazem poetas da sorte,
obreiros cantantes do destino,
arautos loquazes do igual nosso de cada dia.
Mas, se as ruas desenham nossos dias
é porque esperamos
e esperamos...
Se nos moldam os corpos
é porque seguimos brutos
e flácidos,
fluidos amorfos
à espera de ninhos seguros e cômodos.
E os nossos passos?
Ai, ai, até os nossos passos. ..
Na luta desigual
entre as forças da caminhada,
se decorremos ou derrapamos,
é porque permitimos
doparem nossos motes.
E os entregamos, depois,
de vez...
Leiloamos,
desdenhamos deles e os abandonamos.
À penúria de nos sabermos reféns,
rodamos e rolamos pela vida,
e esperamos, nada mais,
tranquilos . . .
até que a estridência das certezas
nos carregue de vez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário