A tarde voava a outras bandas
e a rua inventava outros sons,
meu passo ensaiava a ciranda,
enfeitada em papel crepom,
da vida que adula a mesmice
e o hálito morno da brisa.
Meu Deus! Qualquer um que me visse
com olhos e gestos à guisa
de obreiro a serviço do triste,
teria, por mim, tanta pena. . .
Que modas, lamentos ou chistes,
diria dessa pobre cena?
Porém, de repente, um poema
brotou no canteiro da tarde:
tua voz, como valsa serena,
falou-me sem fazer alarde:
- O mundo tem graça. É teu mundo !
Voltei no trenó da saudade.
O riso é teu dom vagabundo:
espalha-o por toda a cidade.
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