terça-feira, 22 de novembro de 2011

De repente, o riso


A tarde voava a outras bandas
e a rua inventava outros sons,
meu passo ensaiava a ciranda,
enfeitada em papel crepom,

da vida que adula a mesmice
e o hálito morno da brisa.
Meu Deus! Qualquer um que me visse
com olhos e gestos à guisa

de obreiro a serviço do triste,
teria, por mim, tanta pena. . .
Que modas, lamentos ou chistes,
diria dessa pobre cena?

Porém, de repente, um poema
brotou no canteiro da tarde:
tua voz, como valsa serena,
falou-me sem fazer alarde:

- O mundo tem graça. É teu mundo !
Voltei no trenó da saudade.
O riso é teu dom vagabundo:
espalha-o por toda a cidade.

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