Hoje, minha vida adoece,
meu desespero bate no topo,
na mais alta cruz que o peito suporta,
no mais estranho pântano da vida.
Meus olhos afogam-se
na mais avassaladora dor,
no mar mais profundo de lamentos,
lembranças e saudade que se pense.
Hoje, a lua não vem
e a noite será mero breu, ocaso...
fim de linha, canção que se engole
e se nega... Névoa... poeira que cega.
Sem rumo, sigo qual bêbado,
em busca de chão firme, pão
ou qualquer migalha atirada.
Clamo ao céu... ou a qualquer sorte...
Hoje, meu sonho se espatifa
no muro triste da vida real,
no tufão que aborda e assola,
na solidão recém chegada e voraz.
Já não me vejo, arcado,
num turbilhão de vozes:
cânticos tristes, tempestade...
Morre meu melhor... restam escombros...
terça-feira, 7 de novembro de 2017
sexta-feira, 27 de outubro de 2017
FEITO VAPOR
Quanta espera há nas calçadas
e quantos sonhos, pelos bares!
A vida parece feita de vapor:
tudo quer abarcar...
pra todos os lados.
O futuro,
sereia ou linha de chegada,
vive nas mentes e nos olhos
de toda a gente, de todos os livros...
E a estrada se faz a cada passo,
sem obreiros treinados
ou engenheiros atinados.
O nada bate no alvo
e respira... A casa é alva
e o chão, sempre opaco.
Os olhos se cruzam, procuram,
se procuram...
Mas, a noite não dá trégua:
aparece sempre... sempre...
e adormece a tarde.
e quantos sonhos, pelos bares!
A vida parece feita de vapor:
tudo quer abarcar...
pra todos os lados.
O futuro,
sereia ou linha de chegada,
vive nas mentes e nos olhos
de toda a gente, de todos os livros...
E a estrada se faz a cada passo,
sem obreiros treinados
ou engenheiros atinados.
O nada bate no alvo
e respira... A casa é alva
e o chão, sempre opaco.
Os olhos se cruzam, procuram,
se procuram...
Mas, a noite não dá trégua:
aparece sempre... sempre...
e adormece a tarde.
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
F U G I S T E
Fugiste de mim
Sumiste na tarde
Abandonaste a história
Nova
Quase sem adeus
Fugiste, eu sei
Quando o sol flertava
Com a vida pequena
Ávida de amor
E se iludia...
Fugiste meio triste
Ou confusa...
Abarrotada de versos
Sem porquês
Nem portos novos
Fugiste sem mais
E a vida ficou ... torta...
Sem teu sonho
Pulsante
Sem teu riso a toa
Fugiste de tudo
Das falas novas
Dos arrepios, dos céus
E deixaste
Rastros de poesia...
Fugiste, e agora?
A casa ficou vazia
O sol não dá mais
As caras
Escureceu... silêncio
Fugiste para a vida
Que elegeste
Ou herdaste...
Que diferença faz?
Não vens mais...
Fugiste de mim
(Alguém fugiu de mim)
Estranho... Por que?
A estrada é larga
Sem marcas... solitária...
Fugiste ... fugiste...
Na rota da razão
No sopé do sonho
E a noite é silêncio...
E agora? ... Fugiste...
Sumiste na tarde
Abandonaste a história
Nova
Quase sem adeus
Fugiste, eu sei
Quando o sol flertava
Com a vida pequena
Ávida de amor
E se iludia...
Fugiste meio triste
Ou confusa...
Abarrotada de versos
Sem porquês
Nem portos novos
Fugiste sem mais
E a vida ficou ... torta...
Sem teu sonho
Pulsante
Sem teu riso a toa
Fugiste de tudo
Das falas novas
Dos arrepios, dos céus
E deixaste
Rastros de poesia...
Fugiste, e agora?
A casa ficou vazia
O sol não dá mais
As caras
Escureceu... silêncio
Fugiste para a vida
Que elegeste
Ou herdaste...
Que diferença faz?
Não vens mais...
Fugiste de mim
(Alguém fugiu de mim)
Estranho... Por que?
A estrada é larga
Sem marcas... solitária...
Fugiste ... fugiste...
Na rota da razão
No sopé do sonho
E a noite é silêncio...
E agora? ... Fugiste...
P O E S I A
Poesia!
Tu não te fazes entender!
A vida exala teus versos
por toda parte,
mas a espera é triste
e o ser, doente...
Então, te calam,
e te calas...
Poesia!
Tu amas tanto
a tudo... O sol te lança
em cada encontro...
Amas demais.
Mas as vozes calam
e os medos falam
de ti... Pobre de ti...
Poesia!
Quem dera a vida, de tonta,
te encontrasse num beco
e te amasse...
Serias sal e cor,
e a gente, feliz, sem dor...
Quem dera a moça triste
te achasse na rua... e te vivesse...
domingo, 8 de outubro de 2017
NUM BEIJO
Uma vida passa num beijo
Arrepios, tremedeiras
A noite a chegar
A roupa e os perfumes
O olhar que se espera
E o céu tão perto...
Arrepios, tremedeiras
A noite a chegar
A roupa e os perfumes
O olhar que se espera
E o céu tão perto...
quinta-feira, 5 de outubro de 2017
Que mundo!
Que mundo é este?
Abarrotado, afoito,
enxame bailarino,
flutua...
Estanho! Parvo...
Quase eremita
no cosmo: solitário
(diferente, azul)...
É galante, emplumado
qual exótica ave
ou canção proibida,
amante furtivo...
quem sabe,
andarilho pensador...
Qual seu sentido?
Sua saga?
Abrigo de trágicas odes
e nobres agressões,
vazio de luzes,
repleto de atalhos...
Inquieta...
Mar de vida...
e mortes,
acasos
e inexoráveis perfídias...
paixões
e desalentos...
Desespera...
Que mundo é este,
onde roda o trágico
e se alinha o mágico,
pretensioso,
pacífico
e insensato?
Que encanta...
Onde as ondas gritam
mas as pedras quietas
insistem em adorar
os deuses calados,
as óperas sóbrias
e os heróis de papel...
Abarrotado, afoito,
enxame bailarino,
flutua...
Estanho! Parvo...
Quase eremita
no cosmo: solitário
(diferente, azul)...
É galante, emplumado
qual exótica ave
ou canção proibida,
amante furtivo...
quem sabe,
andarilho pensador...
Qual seu sentido?
Sua saga?
Abrigo de trágicas odes
e nobres agressões,
vazio de luzes,
repleto de atalhos...
Inquieta...
Mar de vida...
e mortes,
acasos
e inexoráveis perfídias...
paixões
e desalentos...
Desespera...
Que mundo é este,
onde roda o trágico
e se alinha o mágico,
pretensioso,
pacífico
e insensato?
Que encanta...
Onde as ondas gritam
mas as pedras quietas
insistem em adorar
os deuses calados,
as óperas sóbrias
e os heróis de papel...
segunda-feira, 2 de outubro de 2017
SOFRER
Sofrer
é sair da brisa,
perder o sol,
rolar sem apoio,
esperar,
partir.
Sofrer
é cantar triste,
sonhar só,
andar torto,
sem chão,
cair.
Sofrer
é olhar pra trás
sem poder voltar,
sem se saber,
nem entender
por que.
Sofrer
é perceber
a vida andando manca,
a luz a fugir
e o ar denso sufocar.
É perder.
Sofrer
não se ensina,
se nasce sabendo.
Não é artigo que se regala
nem vinho que se prova.
É dor.
Sofrer
é parte aguda
do viver,
do viajar, de ser...
É a ponte entre o céu
e o aqui.
é sair da brisa,
perder o sol,
rolar sem apoio,
esperar,
partir.
Sofrer
é cantar triste,
sonhar só,
andar torto,
sem chão,
cair.
Sofrer
é olhar pra trás
sem poder voltar,
sem se saber,
nem entender
por que.
Sofrer
é perceber
a vida andando manca,
a luz a fugir
e o ar denso sufocar.
É perder.
Sofrer
não se ensina,
se nasce sabendo.
Não é artigo que se regala
nem vinho que se prova.
É dor.
Sofrer
é parte aguda
do viver,
do viajar, de ser...
É a ponte entre o céu
e o aqui.
segunda-feira, 7 de agosto de 2017
Mirando impressões
Quando olho pra trás,
as telas miúdas da vida
me acenam de longe, me piscam...
Doce, o sol que me desenhou
a história dança e festeja
feito fanático do gozo
e arqueiro das - minhas e míseras- paixões.
Da doce epopeia:
só a mim pertence.
Quanta dor a me chamar,
e eu vou... Intrépido! Desvairado!
Inocente! Cruel!
Dúbio e assustado...
E dor é triste, é infinita;
palco íngreme, selva,
rocha pesada e mal acabada,
inchada.
Dor quer relva, brisa...
Vejo as algemas e os sabres
a se baterem e se insultarem...
Ah!... desafios!
Lutas dentro e fora da vida
explícita,
pelejas arfantes,
insultos gratuitos à sorte
e a vergonha de ser triste
quando a vida é de fortes...
Pobre dos tíbios... desdenháveis...
Na estrada das paixões,
sempre a turba mal encarada
a me trombar, inútil, otária...
Por mais que a vida erre
ou conduza,
os olhos não despregam
nem a mente cambaleia.
É o tudo ou tudo;
a morte não fere nem inquieta.
Apenas o sonho manda.
Cores respingadas pelo caminho
ficam o frugal anseio,
a casa apertada,
canções e poemas a estourarem,
ofegarem...
De repente, mais sonho!
A história que será, o dia que há de vir,
a porta entreaberta... Só a fresta...
Não mais infante... Ou sempre frágil,
Amante do futuro e rei do absurdo,
Venerável capataz do mundano,
Átila dos becos, das fantasias...
Sonhador das mesas da noite...
De repente, o olhar se volta
e tudo que é passado se dissolve;
nada fica.
Desvanece até a lembrança...
Sobra o desejo, a flor que ousa se erguer,
a carne que sente,
o brilho que inda quer reflexos,
a noite que sonha ser luz
e o doce e cego apetite
de mais e mais vida...
segunda-feira, 3 de abril de 2017
Bora viver
Todo dia, acordo querendo fugir do mundo. Mas, quando olho pela janela, lá está ele me chamando. Seduzindo-me com sua luz e me desafiando com seus ventos. E eu que não sei fazer outra coisa... Bora viver e acreditar...
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