segunda-feira, 7 de agosto de 2017
Mirando impressões
Quando olho pra trás,
as telas miúdas da vida
me acenam de longe, me piscam...
Doce, o sol que me desenhou
a história dança e festeja
feito fanático do gozo
e arqueiro das - minhas e míseras- paixões.
Da doce epopeia:
só a mim pertence.
Quanta dor a me chamar,
e eu vou... Intrépido! Desvairado!
Inocente! Cruel!
Dúbio e assustado...
E dor é triste, é infinita;
palco íngreme, selva,
rocha pesada e mal acabada,
inchada.
Dor quer relva, brisa...
Vejo as algemas e os sabres
a se baterem e se insultarem...
Ah!... desafios!
Lutas dentro e fora da vida
explícita,
pelejas arfantes,
insultos gratuitos à sorte
e a vergonha de ser triste
quando a vida é de fortes...
Pobre dos tíbios... desdenháveis...
Na estrada das paixões,
sempre a turba mal encarada
a me trombar, inútil, otária...
Por mais que a vida erre
ou conduza,
os olhos não despregam
nem a mente cambaleia.
É o tudo ou tudo;
a morte não fere nem inquieta.
Apenas o sonho manda.
Cores respingadas pelo caminho
ficam o frugal anseio,
a casa apertada,
canções e poemas a estourarem,
ofegarem...
De repente, mais sonho!
A história que será, o dia que há de vir,
a porta entreaberta... Só a fresta...
Não mais infante... Ou sempre frágil,
Amante do futuro e rei do absurdo,
Venerável capataz do mundano,
Átila dos becos, das fantasias...
Sonhador das mesas da noite...
De repente, o olhar se volta
e tudo que é passado se dissolve;
nada fica.
Desvanece até a lembrança...
Sobra o desejo, a flor que ousa se erguer,
a carne que sente,
o brilho que inda quer reflexos,
a noite que sonha ser luz
e o doce e cego apetite
de mais e mais vida...
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