quarta-feira, 10 de agosto de 2022

PRIMEIRAS PALAVRAS

 

Nos cantos da casa,
rabiscadas, impressas
em papéis perdidos, jornais, revistas,
embrulhos e sujeiras,
embalagens descartadas, rasgadas,
destacadas nas prateleiras,
marcadas nas peças
desprezadas ... mortas ...
imprestáveis ... insignificantes ...

As letras, as palavras,
as misturas de contornos
inócuos, as frases conhecidas,
reconhecidas ou descoradas,
me brotam na infância
do universo imponente das pessoas
sérias, do mundo do quer dizer,
das madeiras, das pedras
a tecerem o tempo
e as esperanças ... radiantes ...

A vida brota da matéria
e dos dizeres, das frases declaradas
e do pedaço de mundo escrito,
criado pelas mentes e os devaneios
de quem inventa e transforma,
de quem está distante, invisível,
e de quem me olha e promete,
mais que brinquedos, um oásis
de rigor entre tanto sem sentido,
uma linha reta ... a resolver a dor.

Meras letras e palavras me abordam
entre pequenos sonhos de criança
e me sacodem pela casa
e pelas ruas amplas da caminhada.
Entre seus formatos e sentidos
se faz meu espírito, meus desejos
e meu querer maior ... minha sina ... amor ...
Até hoje, me assaltam, de dia e de noite,
dizendo, calando e acenando:
"o futuro vem daqui, basta encontrá-lo".



segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Não dá mais

 

R iam, bestiais! Afrontem! Venham!
A ndem eretos, certeiros, loquazes,
C onvictos ... paladinos de um bem
I nfinito, ancestral, sagrado ... fino ... Tolos!
S eu tempo balança! Sua fé despenca
M ais do que percebem. Venham, hipócritas!
O  sonho humano desperta. Seu tempo se acaba.