segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Savassi

Há um passeio obrigatório
Do sol, regozijo divino,
Ou mera autocontemplação.
Praça iluminada,
Encontros . . .
Vozes a ensaiar
Cânticos
Ou leves golpes na mesmice
E na dor que não se vai
Nunca!
Hinos à vida
Pacata, descolada, 
A vida!
Filosofias e encenações
Trágicas ou cômicas
Ditadas ao pé das árvores,
Patroas soberanas da cena,
Ou ao lado de cafés
E pão de queijo,
Vizinhos comuns,
Caras antigas
E anônimas . . . Do sábado  . . .
Da espera . . .
O astro rei descansa
E se encorpa,
Repõe as forças
E testa brilhos novos,
Cores possíveis
Inéditas.
Volta-se à vida
Pouco cósmica,
Entrópica . . .
Retoma o porte
E a majestade.
Caminha vida adentro,
Céu afora . . .
Até o próximo remanso . . .
O próximo sábado  . . .

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

VIDA


Vida que bate à porta
Doura o campo
Desenha trilhas
Enseja . . .

Doma os monstros
Estirpa a praga
Dos dias de seca
E as valas abertas
Da via íngreme
E pesada

Aplaca o querer
Insano
Desesperado
Arqueiro audaz
Estabanado
Que  a tudo estranha
E tudo esgota
E embota  . . .

Vida, oferta - te
Amiga, heroína
Arroja-te em canção
Liberta, estridente
Amante delicada
Chama o mundo
Clama por mais e mais
Mundo
Ama e ama
E, ainda mais que tudo,
Ama demais!

Vida volátil
Veloz
Voa bem alto
E zomba dos rombos
Da sorte,
Da morte
Do escuro da noite
Do céu partido

Vida!
Tudo podes
Tudo és
Mais que as horas,
Os ventos contrários,
As pedras
Tu és o todo,
O tudo
O estalar encantado
Da manhã clara
Do sol novo
Do amor
Que acena,  promete
E pousa

Vida, desaba
E grita
Refresca a tarde
E dá seu aroma
De graça  . . .

domingo, 16 de agosto de 2015

Noite amiga

Noite irmã
Sóbria dor
Remanso de saudades
E tropeços . . .
Ballet ensaiado
Albergue de poemas tristes
E serestas perdidas

Abrigo de versos
Tantos versos
Canções e lembranças
Palco de saudades
De novelas, óperas
Melosas
Banais . . .

Noite, amiga
Apelo esmaecente
Patético
Dá-me a voz perdida
A verve,  o fôlego  . . .
Faz-me poeta da vida
Artista da cor, do belo
Faz desta dor, música
Aceno eloquente
À doce amada
Distante . . .

Escreve comigo a sonata
Escultora
Ama solícita
Regaço e brisa
Milagre repentino
Flor azul a decorar
E cobrir
O rumo e o quintal . . .
Da doce amada
Nada mais . . .

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Poema do dia dos pais


Foi um tempo curto
Quase um sonho . . . breve
Um fôlego relâmpago
Pedaço miúdo
Célula tímida
De tudo o que viria depois
Mas, seu rastro é imenso
Forte, ousado
Desperta e perfuma
Alenta e desafia
Tempera a história que, um dia, inventou
E lembra que a vida vive
É boa, bonita
Perigosa . . .
Afinal, é vida
Vida, nada mais

E eu vivo, vivo . . .