terça-feira, 28 de abril de 2015

PRECE À POESIA



Poesia
Nasces da tarde
Vives na noite
Voas e acenas
Troças dos seus
Abalas certezas
Confundes
Arrebatas
Anseias
Afagas a vida
Morna . . .
Choves no campo
Brilhas na estrada
Inquietas


Amada poesia
Acolhe teus pobres
Teus tristes
Perdoa teus ingratos
Teus sóbrios
Teus filhos . . .
Acorda teus débeis
Atautos certeiros
Guardas da vida
Mata o riso
Fácil,  obreiro
Tolo
Traz o sonho
Pra vida
Leva a vida

Pra vida


segunda-feira, 20 de abril de 2015

A noite é viagem

A noite é viagem 
quando estou contigo. 
Salto deste mundo
frio, sem estrada,
porto  . . . 
Quebra de ditos,
sentenças, 
ritos,
tristezas . . .
Aconchego  . . .
Silêncio  recortado 
e invadido 
por espasmos 
e juras
de vida, 
de beleza, 
de infinitos. 
Doce encontro 
de paz
e loucura,
brisa
e vendaval. 
Descanso sereno 
que, de repente,
se esgarça 
e se tinge 
da cor ofegante 
da busca cega
do prazer mais alto
e mais novo . . .

A noite é viagem
por ti,
contigo.
Aborda meu ser,
sem reservas,
e me leva pra longe, 
para onde nem quero saber.
Viagem ao sonho mais distante,
na nave mais linda
e próxima, 
mais suave
e aprazível  do mundo.
A noite é  viagem,
salto desta vida,
promessa,
realidade azul,
ou apenas mergulho 
em um céu qualquer, 
onde quer que seja,
que, de repente , 
me inventas
e me regalas.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Quadro balouçante



Campo.
Universo a explodir,
canção sustenida
despertando querer
e novas epopeias.

Hino mudo de amor
disperso
e antigo
(quase ancestral,
meio patriarca . . .).

Cenário das tocatas
melosas
do dia fútil
de todo dia.

Quadro balouçante.
Fundo de tela frio
e sem poesia . . .

que se esgarça, porém,
e se refaz
ao toque mágico
do milagre
que te traz
como imagem repentina,
solo inesperado
a despertar a festa
indecisa . . .
criança.

Despontas do nada
e salvas a cena.
Doura o quadro
e torna os contrastes
mais vivos
e os rabiscos
em contornos exuberantes.

Tomas a frente
do quadro
e fazes da vida
uma promessa
de azul
e sol.

Tomas tudo
e tornas-te o tudo
de tudo
do todo . . .

de mim.

Ao seu lado



Quero muito estar
ao seu lado.
O tempo é, hoje,
meu sol e minha noite.
A ele me rendo
e me entrego.
A ele me atrelo,
e com ele me atraco
por um instante,
um átmo
ou o tanto que me couber

ao seu lado. 

Estrada


Uma estrada que parece dar no nada.
Aqui, um coração que voa,
acima de carros e poças,
virando ave,
vento . . .
querendo sol . . .
e uma canção qualquer,
perdida . . .
Querendo tuas mãos,
ou simplesmente teu vulto . . .
longe . . .
no fim de tudo . . .
Aonde tudo converge.

Onde tudo é.

Como posso dormir?



Como posso dormir
se trago em mim
o doce mais doce
de teu beijo?

Como deixar o sonho aleatório
roubar tua imagem
gravada em tudo que resta
de meus sentidos?

Como partir deste voo
alucinado,
se o chão pesado da vida
me prenderá, sem piedade,
a rochas sem sentido
de um querer que não se cabe?

Como esquecer teu toque
e teu abraço,
e me dar à indiferença
de sopros e golpes
da rotina, do desdém
e da frieza da vida?

Como acordar
e não me dar conta
da leveza de teu rosto
aconchegado
e colado
ao meu,
acarinhando-me o corpo
e a vida (que de repente experimento)?

Como esperar,
sozinho,
pela vida que se afasta
e se vai,
sem que tenha a certeza
completa
de que voltarei, um dia,
a prová-la novamente?

Como posso dormir,
agora,
sair deste céu de beleza,
e me dar à tristeza
e à tortura desumana
de um tempo
e um pedaço de vida

sem ti?

Simples


Sempre quis
achar, no mundo,
beleza,
dor doce,
azul,
cor . . .

Tudo é grande,
complicado,
estranho . . .
Mas,
você é simples,
doce,
feliz . . .

Para que tanta viagem?
Você está aqui!
E eu . . .

Gosto tanto de você . . .

sábado, 11 de abril de 2015

Teu poeta


Sou teu poeta,
teu pedaço de pão,
tua linha reta
(ou pontos que rodam),
tua coberta.

Teu cantor
acanhado,
sem jeito,
apaixonado.
Tua canção,
teu soneto . . .
Teu!

Toda a cor,
teu ar revolto
ou manso,
tua brisa
folgada, carinhosa,
Teu sossego . . .
Todo!

Sou teu poeta.
Aquele que te vela,
te espera.
O tipo que se esmera
e se estira,
se atira . . .
se joga . . .
Teu jogo . . .
teu laço . . .
Teu!

Sou tua razão
se quiseres,
e amante
quando queres . . .
Tua lua, se és doce,
teu pomar, se estás carente,
teu hino,
tua estrada . . .
Teu cantante esquecido
perdido . . .
Teu poeta,

sempre!

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Fazendo amor.



Encontro-te, linda!
Flor escondida
e desenhada secretamente
pelo meu sonho diário,
voador,
abobado,
ávido.

Surges na noite,
na penumbra,
quase escuridão,
mas posso definir teus contornos . . .
Diva a entorpecer meus sentidos,
tens a graça da tarde azul
e a calma da manhã de domingo.

Quase não me contenho:
quero-te muito,
quero-te de todas as maneiras,
procuro-te em todos os pontos,
e quase não me encontro
quando te encontro . . .

Tens a forma precisa,
forma que precisa
meu ser
e meu mundo.

Sinto-me parte tua.
Parto, a cada instante
infinito,
ao encontro de uma paz
feita de pequenas descobertas
e de grandes,
e sempre novos,
reencontros.

Dou-me sem mistérios
ou tabus,
percorro-te
como se viajasse
por um paraíso
imenso
feito só de beleza
e vida
pura e verdadeira.

Dou-te de presente
meu prazer mais vivo,
atrapalhado
e puro.
Recebo de ti
teu prazer sutil,
delicado
e intenso
(ah, como consegues ser tão linda!).

Inventamos,
juntos
e perdidos,
solitários
em nosso querer mais secreto,
todas as formas possíveis
de felicidade.

E nos tocamos, enfim,
em algum lugar perdido
no eterno . . .
Fazemos amor
também depois,
quando nossos corpos,
despidos de forças
e reservas,
se abraçam no cansaço
e na doce vida
que não pensa em nada
e não quer mais nada.

Adormeço
e procuro-te
outra vez . . .
Quero-te mais,
ainda mais,
pois percebo
que a noite me trouxe
um mundo doce,
outro mundo,
que vale mais que todos.
O mundo onde te encontro
e me encontro,
no intervalo entre dois instantes
que me atrevo a batizar
de eternidade.