terça-feira, 14 de abril de 2015

Como posso dormir?



Como posso dormir
se trago em mim
o doce mais doce
de teu beijo?

Como deixar o sonho aleatório
roubar tua imagem
gravada em tudo que resta
de meus sentidos?

Como partir deste voo
alucinado,
se o chão pesado da vida
me prenderá, sem piedade,
a rochas sem sentido
de um querer que não se cabe?

Como esquecer teu toque
e teu abraço,
e me dar à indiferença
de sopros e golpes
da rotina, do desdém
e da frieza da vida?

Como acordar
e não me dar conta
da leveza de teu rosto
aconchegado
e colado
ao meu,
acarinhando-me o corpo
e a vida (que de repente experimento)?

Como esperar,
sozinho,
pela vida que se afasta
e se vai,
sem que tenha a certeza
completa
de que voltarei, um dia,
a prová-la novamente?

Como posso dormir,
agora,
sair deste céu de beleza,
e me dar à tristeza
e à tortura desumana
de um tempo
e um pedaço de vida

sem ti?

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