domingo, 27 de setembro de 2015

DISTANTE


Queria poder abraçar-te
Agora
Mas estás distante
Onde não te alcanço
Meus braços, meus olhos
Minha dor
Não se cabem

Queria poder beijar-te
Tanto
Mas minha boca
Só sabe dizer versos
Tristes
Soluça ao dizer teu nome
E ensaia
Nossa canção
Sozinha

Queria poder amar-te
Muito
A ponto de quase desfalecer
Tocar em algum céu
Contigo
Viajar a qualquer ponto
Colado a ti
A qualquer mundo
A que possas querer
À eternidade
Que só tu me podes dar
De presente

Queria poder viver
De ti
Alimentar-me
De teu pensamento
Curar-me com tuas palavras
Erguer-me por tua força
Voar pelo incrível
Milagre
Que és para mim
Mas estás distante


sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Sol da manhã

Na manhã,
um sol disperso,
vida em gotas
a fluir tímida

qual doce
que, aos poucos,
se atreve
e sacia,

onda calada
a invadir a calma
e despejar
sabores . . .

O sal do mundo,
gosto da terra,
desejo e dor
de tudo que vive
ou anseia.

Sol sedoso,
pura canção,
mensagem
a ensaiar toda forma
e cor,

hino eventual,
sorrateiro,
a ensinar,
solene,
toda razão
ou sentido
de se viver . . .

Sem porquês   . . .
Sem custos . . .
Sem mais . . .

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

HORAS ARRASTADAS

Quanta espera!
Horas arrastadas
A cada dia . . .  Cadeado . . .
Sopro morno,
Carpido . . .

Vida adormecida.
Sem lua
Ou medida,
Mendiga . . .
Fôlego atado,
Seresta  triste . . .
Poema que não fecha,
Rabisco . . .

Quanta falta fazes,
Quanto sol me negas,
Desabrigo . . .

Quero-te! Um aceno,
Uma estrela, valsa . . .
Vivo a melodia, balbucio,
A anunciar - te,
Pequeno bilhete
Ou esboço de canção ,
Nesga . . .

Vivo da visão
E do rastro perfumado,
Prelúdios da tarde fresca,
Leve, luzidia,
Que há de vir . . .

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

PRECE EM TRÊS ATOS


Vida que me bate
e me desperta,
sopro que me leva
e refresca,
atalho a atirar-me
ao mundo . . .
ilusão nunca perdida,
aço da guerra
de cada sol que passa . . .
Alça-me!

Amor que me toma
e me assalta na noite,
trespassa - me,
assanha-me, voraz,
atrevido,
engana-me os sentidos,
e guia-me a sorte,
folha casual a bailar na brisa
e me tocar de leve
a face . . .
a estrada  . . .
Move-me!

Morte que me assombra
e seduz,
altiva voz
a despertar-me  a mente,
alumbrar-me as portas . . .
veredas . . .
florestas e calmarias,
becos da cidade,
orbes disfarçados
de pedras . . . cinzas . . .
Ensina-me!

RUAZINHA

Numa ruazinha
quieta, parada,
dei meus primeiros passos,
e passes.

Não  havia gritos,
só chamados, festejos  . . .
Solidão?  Nem pensar!
Só gols, pega - pega
e risadas.

As mais ousadas batalhas,
histórias impossíveis
e um desejo enorme
da vida distante,
intensa e feliz,
do mundo que viria . . .
Um dia . . .

VIDA LEVE

És a vida a voar leve
O tom doce da tarde
Mera gota refrescante
Até ser seiva
E sangue
Broto de alento
E relva acolhedora

Não me encontro
Sem que te espere
E te queira
Te encontre
E me entregue
Me desmanche
E me sacie
De tudo que me fazes
Me regalas
E me anuncias
Da vida que te tornas
Sempre . . .

QUANTO TE AMO !

Quanto te amo!
Tu andas em meus sonhos.
Desfilas em meus dias
e despertas  minhas noites.
Seduzes meus pensamentos
e acarinhas meu cansaço.
Sobes comigo ao topo
da mais alta montanha
e me fazes ver os campos mais verdes
da vida.
Concedes  teu riso de graça,
me fazes graça
e afugentas meus delírios.
Quanto te amo!
Quanto mundo
me apresentas!
Quanta vida me regalas.
Ah! Quanto te amo!