Meu olhar, por entre ramas e andaimes,
vai filtrando, da vida, velhas fotos
desbotadas como juras infames
a perderem-se em devaneios rotos.
Doces beijos ... Quase não os enxergo,
pois a vida, nos acessos de dores,
fez restarem só sabores amargos
na lembrança de quem tantos amores
percorreu, sonhando mundos eternos.
Tão atentos, estes olhos se atiram
procurando por acordes e verbos
que poemas e canções construíram
como esbelta catedral reluzente
que ostentou, por muito tempo, vaidades.
Hoje, buscam qualquer verso estridente
que me traga sonho, luz ou saudade,
não importa. O semblante desta tarde
é o retrato de uma vida esgarçada
que passou, andou, criou, sem alarde,
e hoje espreita novos ares e estradas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário