sábado, 17 de dezembro de 2011

VERSOS ESTRIDENTES

Meu olhar, por entre ramas e andaimes,
vai filtrando, da vida, velhas fotos
desbotadas como juras infames
a perderem-se em devaneios rotos.

Doces beijos ... Quase não os enxergo,
pois a vida, nos acessos de dores,
fez restarem só sabores amargos
na lembrança de quem tantos amores

percorreu, sonhando mundos eternos.
Tão atentos, estes olhos se atiram
procurando por acordes e verbos
que poemas e canções construíram

como esbelta catedral reluzente
que ostentou, por muito tempo, vaidades.
Hoje, buscam qualquer verso estridente
que me traga sonho, luz ou saudade,

não importa. O semblante desta tarde
é o retrato de uma vida esgarçada
que passou, andou, criou, sem alarde,
e hoje espreita novos ares e estradas.


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