Canta, vida! Gira mundo!
Pobres sonhos, pela estrada,
nessa carreira afobada,
vão quedando no rotundo
alvoroço da esperança.
Vida, dança! Alma cansa
do espetáculo de gala
da canção que perde a fala
e desaba, dromedária,
sem visão, desanimada . . .
Outros sons e indumentárias
vão passando na balada
do sabor que busca um porto
ou da luz que sonha alto.
São torpedo, verso torto,
serenata no contralto,
estridência desmedida
que se estoura na sarjeta
e se estranha pela vida.
Vendaval de silhuetas
descoradas pelo barro,
brota imenso nessa estrada
desenhada no bizarro,
confirmando a caminhada
já empedernida, calada,
ode ao jogo soberano,
justa, inefável jornada,
monumento espartano
a estraçalhar os poetas
e aventureiros do dia.
Canta, vida! Salta, atleta,
a excomungar a apatia
e prometer-te ao remanso
de novas águas cantantes.
Gira, mundo! Teu balanço,
qual afago, beijo, amante,
é troféu a ser alçado.
Dança, vida! Sê acalanto.
Desassossego adorado,
água fresca, vento, espanto . . .
João
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