terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Aposta perdida


No mundo em que vivo, neste mesmo,
a dor é mestra. As ruas são palcos,
frios e revirados. Parecem labirintos,
repletos de armadilhas, tropeços,
sonhos incontáveis, planos gigantescos.
Sóis pálidos que surgem e se perdem: somem.

O que posso querer, aqui? Amor?
Mas que palavra é esta? Estranha!
Uma fagulha num imenso breu ...
Ilusão adornada, robusta ...  fugaz. E só!
De onde vem, e por que vem? E eu lá sei?
Será que não se trata de um delírio, apenas?

Que trazer de mim, nesta jornada?
Não me vejo como personagem raro
nesse meio enredo chamado vida,
onde o querer esbarra em pedras tortas,
pântanos e abismos. Não! Eu Não!
Sou folha leve: qualquer vento me traga.

Que esperar disso tudo? Brisa, sombra,
atalhos encantados, beleza? Eu? Justo eu?
De que me valem anos de estrada,
se as vistas se turvam e os sonhos
(poucos) já desabam? Milagres? Magias?
A vida foi jogo, aposta. E acho que perdi!

Que fazer, então, com isto que sobrou?
Afinal, ainda restam manhãs e luas novas,
e a vida sempre insistirá em pulsar.
Talvez um passeio por bosques silenciosos,
aqueles que não gritam nem se atrevem.
Ou pelas canções - a velha música - e dancar...

 

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